Por: Fernando dos Santos, estudante de jornalismo da Unijuí, 26/06/2024
Ijuí, Santo Ângelo e Santa Rosa, três cidades do Rio Grande do Sul com um porte populacional semelhante (entre 75 e 85 mil habitantes), têm enfrentado uma luta contínua contra a AIDS. Uma análise de dados coletados entre 2013 e 2023, no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) traz informações sobre o perfil demográfico dos infectados dos portadores da doença, modos de transmissão e os desafios na prevenção e tratamento.
Perfil Demográfico dos Casos de AIDS
Ao longo desses dez anos, foram registrados 339 casos de AIDS nas três cidades, sendo 105 infectados em Ijuí, 89 em Santo Ângelo e 145 em Santa Rosa. A maioria dos infectados são do sexo masculino, representando 62,24% dos casos, enquanto 37,76% são do sexo feminino. A análise da idade média revela que as mulheres infectadas têm 38 anos, enquanto os homens têm 37 anos.
Faixa Etária
A faixa etária com maior incidência de casos é entre 20 e 40 anos, totalizando 185 casos. A distribuição dos casos por idade revela que a maior parte dos infectados se concentra nos adultos jovens, com picos significativos nas faixas de 20 a 29 anos (90 casos) e 30 a 39 anos (95 casos).
Das 339 pessoas infectadas, 278 estão vivas, mostrando avanços nos tratamentos e na gestão da doença. No entanto, 49 pessoas faleceram devido à AIDS, e 1 pessoa morreu por outras causas. Existem ainda 11 casos onde o status é ignorado.
Cores e raças
A grande maioria dos infectados se identifica como pessoa branca, com 291 casos (85,84%), seguida por pardos, com 18 casos, e pretos, com 8 casos. Em 19 casos a raça não foi informada no DATASUS e 2 pessoas se identificaram como amarelas. Esses dados refletem a porcentagem de pessoas brancas residindo nas cidades, já que de acordo com o Censo de 2022 do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, as três cidades analisadas possuem populações predominantemente brancas. Ijuí com 77,6%, Santo Ângelo com 78,5% e Santa Rosa com 80,2%.
Os dados apontam que o grupo de risco predominante são homens brancos entre 20 e 39 anos, que contraíram o vírus através de relações sexuais desprotegidas.
Apenas 55,45% dos casos, que representam 188 das 339 infecções, possuem informações registradas sobre a escolaridade, representando uma lacuna nos dados do DATASUS. Entre os casos com escolaridade registrada, os níveis mais comuns são a 5ª a 8ª série incompleta, com 53 casos (28,19%), e o ensino médio completo, com 39 casos (20,74%). Ou seja, são raros os casos em pessoas com ensino superior completo.
Formas de transmissão: falta de uso de preservativos
Os dados revelam que todos os casos registrados ocorreram devido a relações sexuais sem proteção. Não houveram casos de transmissão de mãe para filho. Desde o ano de 1994, preservativos masculinos são distribuídos no Brasil todo de forma gratuita nas unidades básicas de saúde, enquanto os femininos são disponibilizados da mesma forma desde 2012.
Deu positivo, e agora?
Antes de qualquer decisão, é necessário manter a calma. Afinal, se o seu positivo for para HIV, saiba que HIV e AIDS não são sinônimos. O HIV é o vírus causador da AIDS e pode não se desenvolver se for tratado de forma adequada. A AIDS é uma síndrome causada por ele, que enfraquece o sistema imunológico favorecendo o desenvolvimento de outras doenças.
Os auxílios e acompanhamentos para o tratamento dessas infecções são totalmente gratuitos e disponibilizados pelos SAEs (Serviços de Atendimentos Especializados) dos municípios.
Os SAEs (Serviços de Atendimentos Especializados) são unidades de saúde responsáveis pela gestão e atendimento de pacientes com condições relacionadas a doenças transmissíveis, principalmente Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST/HIV/Aids e hepatites virais), tuberculose e hanseníase.
Os SAEs trabalham de forma padronizada pelo Ministério da Saúde e devem prestar atendimentos e acompanhamentos para qualquer pessoa infectada, além de ter a responsabilidade de manter os nomes em sigilo.De acordo com a equipe de enfermagem do SAE de Ijuí, após um paciente apresentar teste positivo de HIV, são realizadas coletas de CV (exame da carga viral de HIV) e CD4. Os linfócitos CD4 possuem um papel fundamental na identificação e destruição de vírus que entram no corpo humano e são os principais alvos do vírus HIV. O SAE também oferece acesso à terapia antirretroviral e todo o acompanhamento necessário para cada caso conforme protocolo do ministério da saúde e fluxograma abaixo. E, claro, os nomes são mantidos em sigilo. Confira o fluxograma de atendimentos para pessoas vivendo com HIV:
Em Ijuí, o SAE fica localizado na rua Vinte e Quatro de Setembro, 223 - Centro e atende pelo telefone (55) 3331-8891.
Em Santo Ângelo, na rua 22 de Março, S/N, Centro Norte (em anexo ao Posto 22 de Março), atendendo pelo contato (55) 3312-0185.
Em Santa Rosa, na rua Dr. Francisco Timm, 480 e o contato pode ser feito através do número (55) 3513-5160.